Toda criança aprende igual?
A sala de aula hoje reflete o mundo em que vivemos. Lá encontraremos uma grande diversidade cultural, comportamentos e hábitos diferentes. Lá encontraremos também lado a lado, uma criança com muitas habilidades e facilidades no processo ensino-aprendizagem sentada com outra que apresenta muita dificuldade em matérias diferentes. Lá também encontraremos crianças com histórias e experiências de vida particulares. O que encontraremos em comum é que todas aprendem, mas de maneiras particulares.
Por que temos a tendência em acreditar que um aluno só está prestando atenção se está sentado olhando para frente? Por que uma criança para estar pensando deve estar quieto, parado "pensando"? Não existe um modelo, um certo ou errado. Como Piaget já afirmava, cada indivíduo aprende de uma maneira diferente. Eles podem vivenciar a mesma situação no mesmo momento mas cada uma irá aprender de sua maneira. Por isso, dentro de uma sala de aula, deve-se entender que cada aprendiz tem sua própria percepção e assimilação do conteúdo e seu 'tempo de inteligência'.
O olhar criterioso para cada indivíduo na sala de aula é um grande desafio para o professor mas também um diferencial necessário. A maneira de ensinar é governada pelo conhecimento que se tem das pessoas que aprendem. A partir daí, será possível dar oportunidade para cada aluno desenvolver suas habilidades para que possam trabalhar e vencer seus desafios.
A teoria das Inteligências múltiplas do psicólogo cognitivo e educacional Howard Earl Gardner pode nos ajudar a entender como cada ser humano demonstra suas capacidades cognitivas. Seu estudo identifica nove tipos de inteligência. Entende-se assim que cada indivíduo nasce com um vasto potencial de talentos ainda não moldado pela cultura, o que só começa a ocorrer por volta dos 5 anos. Segundo Gardner, a educação costuma pecar ao não dar a devida atenção aos potenciais de cada um, ou que essas aptidões sejam inibidas pelo hábito nivelador das escolas.
Essas inteligências são:
- Inteligência Linguística - É a capacidade da fala, comunicação verbal e escrita, a inteligência das palavras.
- Inteligência Lógico-Matemática - É a habilidade de lidar com raciocínios dedutivos e conceitos matemáticos.
- Inteligência Espacial Visual - A capacidade de observar o mundo e os objetos em diferentes perspectivas.
- Inteligência corporal cinestésica - É a habilidade que diz respeito ao controle do corpo e a execução de movimentos.
- Inteligência Musical Auditiva- É a habilidade de reconhecer sons, melodias, acompanhar ritmos e tocar instrumentos está ligada ao que conhecemos como inteligência musical.
- Inteligência Interpessoal - É uma inteligência social que nos possibilita interpretar palavras, gestos, objetivos das pessoas ao seu redor, aprimora a nossa capacidade de empatia.
- Inteligência Intrapessoal - É a inteligência que permite compreender internamente, suas emoções e sentimentos.
- inteligência existencial - É a capacidade de refletir sobre aspectos da existência humana.
- Inteligência naturalista - Está ligada ao profundo conhecimento da natureza e da aptidão para lidar com ela, seja relacionado a animais, plantas ou no conhecimento geológico.
Através de testes, é possível identificar qual o tipo de inteligência predominante em cada aluno. Ter esse conhecimento, ajuda tanto o professor quanto o aluno, a escolher formas mais eficazes de aprender utilizando as estratégias que favorecem sua inteligência predominante. Outra maneira de aplicar a teoria é estimular todas as habilidades potenciais dos alunos quando se está ensinando um mesmo conteúdo.
O olhar cuidadoso nos ajuda a respeitar o ritmo de cada criança, a maneira que cada uma aprende melhor e assim será possível preparar estratégias de ensino que privilegiam a todos.