Aprender com afeto

Aprender com afeto

APRENDER COM AFETO

Todos de volta às aulas cheios de expectativas e novos objetivos a serem realizados. Um dos maiores desejos dos educadores é ver seus alunos progredirem, vencerem seus desafios e desenvolverem seus potenciais. Mas como fazer isso? Como atingir esse objetivo? Um dos segredos é ensinar com afeto. Isso pode ser um grande aliado!

O termo afetividade se refere à capacidade do ser humano de ser afetado positivamente ou negativamente tanto por sensações internas como externas. Somos movidos pela afetividade, tanto na sua forma positiva quanto na negativa. Um elogio nos afeta positivamente, enquanto uma reprimenda ou crítica nos afeta negativamente. Nas duas situações, a afetividade opera como elemento de desenvolvimento no sentido de criar mecanismos de compreensão, aceitação, defesa ou administração das sensações geradas.

Qual é o papel do afeto na aprendizagem?

O processo de aprendizagem se inicia através de um input afetivo, principalmente na infância, quando as palavras de afirmação são ferramentas relevantes para assegurar a autonomia, autoestima e independência.

  • Para Henri Wallon, psicólogo, filósofo, médico e político francês, a afetividade surge antes do desenvolvimento da inteligência e, ainda, a afetividade e cognição não se dissociam, mas agem simultaneamente em várias atividades. Em certos momentos desse desenvolvimento, há o predomínio da afetividade, e em outros, da cognição, mesmo que de maneira integrada.
  • Segundo Piaget (1996), grande influência na psicologia da aprendizagem, o conhecimento ocorre através interação entre o sujeito e o objeto. A aprendizagem ocorre então como resultado dessa interação. E a afetividade é a energia que move as ações humanas, ou seja, as interações, e sem ela não há interesse e não há motivação para a aprendizagem.

Como os nossos sentimentos influenciam como aprendemos?

Os sentimentos positivos liberam hormônios e neurotransmissores que provocam alterações no funcionamento dos nossos órgãos, e também em nosso humor, emoção e no pensamento, aumentando assim a sensação de bem-estar. Por sua vez, os sentimentos negativos, assim como a ansiedade e a angústia, podem criar um bloqueio e impedir a aprendizagem.

O conteúdo emocional das memórias também afeta a maneira como estas são armazenadas e, portanto, a sua evocação, a facilidade com que são lembradas e a sua retenção. Retemos muito mais as situações cheias de emoções, quer seja negativa ou positiva.

E na prática como educadores, o que podemos fazer?

Faça bom uso das palavras – Essas têm o poder de curar, acolher, amparar e motivar, encorajar!

Celebre o erro! Uma relação de confiança entre professor e aluno incentiva a criança a não ter medo de cometer erros e por consequência se arriscar em novas descobertas. A memória e a concentração também operam mais livremente em ambientes com menos julgamento. Em contrapartida, valorize suas potencialidades!

Reserve um tempo para ter conversas amigáveis e descontraídas com seus alunos! Ter uma boa convivência é uma ótima forma de garantir um ambiente saudável, muito mais propício ao aprendizado.

Conheça os seus alunos para saber suas áreas de interesse. Preste atenção aos detalhes. O que ele faz bem? Quando somos afetados positivamente, as áreas de prazer recebem uma dose de dopamina, substância que aumenta o bem-estar e mobiliza a atenção. Quanto mais motivados e interessados em determinada atividade, mais dopamina é liberada e mais facilmente as atividades serão lembradas. Dali em diante, a ação ou objeto que proporcionou essa sensação alegre será reforçada e a criança vai querer repeti-la. Já a criança que não encontra prazer no aprendizado registra menos retenção de conteúdo e consequentemente baixos níveis de desempenho – nestas pessoas os níveis de dopamina também são mais baixos.

Nem tão fácil nem tão difícil! Crie desafios de acordo com a capacidade de cada um! O efeito do prazer não ocorre quando a tarefa a ser cumprida é fácil demais e não há desafio. Já as atividades muito difíceis, que ultrapassam a base de conhecimento prévio das crianças naquele momento, também serão abandonadas, pois o cérebro não encontra o prazer do sistema de recompensas.

Promova momentos de descontração e brincadeiras. Os alunos se sentem mais à vontade e confortáveis em se expressar e se expor durante momentos de brincadeiras.

Demonstre que você está ali, do seu lado, para o que precisar! Um olhar, um gesto ou um sorriso pode demonstrar que você está o percebendo e está ali para acolher suas necessidades.

Acredite em cada um deles!

A aprendizagem é uma junção de estímulos extrínsecos e intrínsecos, de memória, atenção, concentração, interesses, desejos, que permeiam a mente e o cérebro humano. Portanto todos esses fatores devem estar em sintonia e devem ser estimulados para que o aprendizado ocorra, além de haver uma correlação entre um ambiente rico e o aumento das sinapses (conexões entre as células cerebrais). Portanto, alguns minutos de brincadeira, uma escuta genuína, um colo durante uma insegurança ou medo, o olho no olho na hora de elogiar uma atitude ou um sorriso de incentivo quando tudo dá errado. São gestos corriqueiros e aparentemente despretensiosos, que ajudarão a formar crianças felizes e carinhosas com o mundo. Por que não prestar atenção nisso para começar o semestre com o pé direito, com um olhar cuidadoso e muita afetividade? Consideremos a frase tão escutada nos tempos atuais, "mais amor por favor"!